quarta-feira, julho 27, 2005

Carta sobre o Património Construído vernáculo (I)


(Photo . Cerveira Pinto . all wrights reserved)

«Ratificada na XII Assembleia Geral do ICOMOS, realizada de 17 a 23 Outubro 1999, no México, esta carta descreve não só o que é o património construído vernáculo, mas também estabelece princípios para a sua conservação e define orientações práticas relativas a esta temática. Trata-se de um valioso contributo para proteger um legado extremamente vulnerável e ameaçado pela uniformização económica, cultural e arquitectónica a nível mundial.»

O património construído vernáculo ou tradicional suscita a afeição e o orgulho de todos os povos. Reconhecido como uma criação característica e genuína da sociedade, manifesta-se de forma aparentemente irregular, embora possua uma lógica própria. É utilitário e, ao mesmo tempo, interessante e belo. Reflecte a vida contemporânea e é, simultaneamente, um testemunho da História da sociedade. Apesar de ser obra do Homem, é também uma criação do tempo. Conservar e promover estas harmonias tradicionais que constituem uma referência da existência humana é dignificar a memória da Humanidade.
O património construído vernáculo é a expressão fundamental da identidade de uma comunidade, das suas relações com o território e, ao mesmo tempo, a expressão da diversidade cultural do mundo.
O património vernáculo é o meio tradicional e natural pelo qual as comunidades criam o seu habitat. Resulta de um processo evolutivo que inclui, necessariamente, alterações e uma adaptação constante em resposta aos constrangimentos sociais e ambientais. A sobrevivência desta tradição está ameaçada, em todo o mundo, pela uniformização económica, cultural e arquitectónica. saber resistir a esta uniformização é fundamental e é uma tarefa que envolve não só as diferentes comunidades, mas também os governos, os urbanistas, os arquitectos, os conservadores e vários especialistas noutras áreas disciplinares.
Devido à uniformização ad cultura e aos fenómenos da globalização socio-económica, as estruturas vernáculas são, em todo o mundo, bastante vulneráveis, porque se confrontam com graves problemas de obsolescência, de equilíbrio interno e de integração. Torna-se necessário, por isso, estabelecer os princípios de conservação e protecção do nosso património construído vernáculo, em complemento à Carta de Veneza (1964).

PRINCÍPIOS GERAIS
1. As construções vernáculas apresentam as seguintes características:
a) Um modo de construir emanado da própria comunidade;
b) Um carácter marcadamente local ou regional em resposta ao meio ambiente;
c) Uma coerência de estilo, de formas e de aspecto, bem como o uso de tipos arquitectónicos tradicionalmente estabelecidos;
d) Um conhecimento tradicional da composição e da construção, que é transmitido de modo informal;
e) Uma resposta eficaz às necessidades funcionais, sociais e ambientais;
f) Um aplicação eficaz das técnicas tradicionais da construção;
2. A avaliação e a eficácia da protecção do património vernáculo dependem, quer do envolvimento e do apoio das comunidades locais, quer da sua utilização e manutenção contínuas.
3. Os governos e as autoridades competentes devem reconhecer o direito que todas as comunidades têm de preservar os seus modos de vida tradicionais, de os proteger por todos os meios legais, administrativos e financeiros à sua disposição e de os transmitir às gerações futuras.»

Agenda 21

Deparamo-nos no "BIOTERRA" com o programa Agenda 21. O Mestre Arq.º Pinto de Faria já nos havia falado deste projecto, no entanto, talvez por esquecimento, talvez por ir sucessivamente adiando (ou por ambos os motivos) acabamos por nunca procurar devidamente as informações sobre o mesmo. Eis que ele nos vem ter às mãos por intermédio do (agora) omnipresente Bioterra. Talvez seja (mais) uma possibilidade para o desenvolvimento de Boassas e que não há que descurar.

O Bioterra brinda-nos hoje ainda com mais uma preciosidade, um belíssimo artigo (de 27 de Julho de 2005) intitulado, "Que terra queremos deixar às nossas crianças?"

terça-feira, julho 26, 2005

Alunos de arquitectura visitam Boassas

No passado sábado, dia 23 de Julho, Boassas foi visitada por um grupo de alunos do curso de Arquitectura e Urbanismo da Universidade Fernando Pessoa do Porto. A visita foi efectuada no âmbito da disciplina de Reabilitação Urbana e Arquitectónica. Os locais observados, após um café reanimador servido pelo Sr. Fernando foram: a Casa do Cubo (sua capela, azenha, alambique e casas de caseiro); a Casa do Fundo da Rua; a Casa do Cerrado (sobre a qual a arq.ª Vera Almeida, está também a desenvolver um trabalho); a Casa do Outeiro e a Casa do Lódão (Turismo Rural); a capela de Nossa Senhora da Estrela e a Arribada. O almoço, de confecção primorosa, foi servido na Quinta da Barbeita (onde a confusão das contas prejudicou um pouco a "digestão" do saboroso repasto)... Durante a tarde houve ainda tempo para uma visita ao latoeiro (Sr. Rui Teixeira); ao rio Bestança e moinho do Sr. Horácio. A conclusão geral, nesta primeira impressão, foi a de que a aldeia, embora possuidora de um potencial notável, está muito descaracterizada, sendo que algumas "patologias" serão já de difícil resolução. (Algo que, diga-se, há já muito tempo temos vindo a chamar a atenção, sem quaisquer resultados positivos aparentes...)

quinta-feira, julho 21, 2005

POR FAVOR...
POUPE ÁGUA!!!

Inacreditável (II)


Já em Março havíamos alertado para esta situação, no artigo intitulado "Inacreditável". Não tínhamos, então, uma imagem para ilustrar esta barbaridade. Não bastam os incêndios para destruir a floresta portuguesa. Há também quem tenha largas responsabilidades neste cartório, mas que nunca é "chamado à pedra"! Isto independentemente de terem sido apresentadas reclamações junto do Ministério do Ambiente e da própria Câmara Municipal. Recordo que abaixo da estrada (precisamente onde foram feitos estes socalcos) existia um maciço arbóreo idêntico ao que se vê do lado direito da foto, sendo que o terreno está classificado no PDM (Plano Director Municipal) como REN (Reserva Ecológica Nacional) e pelo POARC (Plano de Ordenamento das Albufeiras de Régua e Carrapatelo) como FLORESTA DE PROTECÇÃO. Protecção??? Qual protecção? Haja é quem nos proteja desta gente...

Pequenas coisas (III)

Automóvel
- Evite lavar o automóvel com mangueira. Use antes um balde e uma esponja ou leve-o a uma estação de serviço. Calcula-se que, ao utilizar mangueira, gastará cerca de 570 litros de água; se utilizar a esponja, apenas gastará 57.
- Visite uma oficina regularmente e verifique a emissão de fumo que sai do veículo.
- Poupe combustível evitando a condução nervosa e as acelerações bruscas.
- Procure saber se na garagem aceitam óleos e lubrificantes usados e se alguém os recicla.
- Evite as viagens de automóvel desnecessárias. Assim, está a ajudar a reduzir a poluição provocada pelo óxido de azoto.
- Procure ter o seu carro sempre bem afinado, pois é a maneira mais fácil de o fazer poupar gasolina.
- Mantenha os travões devidamente ajustados. Maus travões podem roubar eficiência quanto ao combustível.
- Adira à iniciativa do Dia Sem Carros.
- Utilize transportes públicos e ande a pé ou de bicicleta sempre que possível.

quarta-feira, julho 20, 2005

Boassas em chamas!

Desta vez somos notícia no Público pelos piores motivos. Ontem, ao regressar de Boassas, ao olhar para a foz do Bestança, como sempre faço ao chegar a Paços de Gaiolo vejo as chamas a lavrar próximo de Boassas, junto do chamado Bairro Novo, acima da estrada municipal. Paro o automóvel, pego no telefone e ligo para o 112. Após largos minutos (que pareceram uma eternidade) a chamar a linha cai... bom serviço este! Não tinha o número dos bombeiros. Tento ligar para os meus pais, em Boassas, para que ligassem para os bombeiros. Telefone desligado... Minutos de aflição, especado, ali, a ver as chamas a consumirem as árvores, muito próximo das casas. Nova tentativa... Nada! Telefono novamente para casa, idem!... O célebre à terceira é de vez cumpriu-se e lá consegui ligar para Boassas. Entretanto toca a sirene em Cinfães... As chamas alastram e passam a estrada na direcção do rio. Por infeliz coincidência vi começar a arder o sítio que ilustra a última fotografia aqui colocada no blog... O pinhal que se localiza do lado esquerdo da fotografia, por cima da ponte... O helicóptero chega cerca de 35 minutos depois. Mais ou menos em simultâneo com os bombeiros, que diga-se estão a cerca de 10 quilómetros... O helicóptero parece-nos imensamente lento... Ataca o incêndio nos locais junto às casas. No pinhal as chamas crescem, tornam-se avassaladoras e aproximam-se de Porto Antigo. Finalmente começa a atacar a frente que lavra no pinhal... Atrasado quase uma hora para a reunião que tinha no Marco de Canavezes, para falar sobre Boassas, com o Dr. Pedro Costa e Silva da "Dólmen", parto finalmente... com o coração apertado e um nó na garganta ...

segunda-feira, julho 18, 2005

(Mais uma) nova reciprocidade

Descobrimos mais esta nova reciprocidade, através de um comentário aqui no "blog". Chama-se "Maracujá". Trata-se de um espaço bastante pessoal mas que nos parece, a todos os títulos muito interessante (para além disso são amantes do Bestança e até usaram o nosso "blog" para o ilustrar... Sentimo-nos lisonjeados)... A referência e respectiva reciprocidade aqui ficam, a partir de hoje, com o nosso expresso agradecimento.

Porto Antigo



Porto Antigo

Aqui onde as casas envelhecem
Sou a todo o momento
O rio partilha comigo seu tempo
A música do lugar envolve o meu corpo nu
Sinto-me uma rocha que vê a vida passar

(por Adriana Carmezim, in "No Silêncio do Amor", Junho de 2005)

(photo by Cerveira Pinto . all wrights reserved)

sexta-feira, julho 15, 2005

Não saímos disto!

A comissão Europeia processou Portugal por incumprimentos legais na área do ambiente e ameaça com mais processos. O comissário europeu com a pasta do Ambiente, Stravos Dimas, advertiu que "Portugal deve corrigir de imediato as insuficiências da legislação nacional, de modo de proporcionar aos seus cidadãos um ambiente limpo e saudável". Vale a pena ler toda a notícia no Público, para vermos como, afinal, tudo continua na mesma (se não pior...).

quarta-feira, julho 13, 2005

Parabéns MiraDouro


O semanário MiraDouro (cuja redacção é em Boassas) faz este mês a bonita idade de 43 anos. São já mais de quatro décadas em defesa dos interesses dos concelhos de Castelo de Paiva, Cinfães e Resende. É, sem dúvida, um dos principais arautos da cultura e do sentir das gentes da região, levando a sua voz às comunidades espalhadas pelo continente e pelo mundo. Não podíamos, pois, deixar passar a ocasião sem lhe endereçar os merecidos votos de parabéns e de vida longa e profícua...

Arquitectura vernacular no Sargaçal


No passado mês de Junho pudémos visitar o belíssimo "Sargaçal", próximo de Vila de Muros", em pleno Vale do Bestança. Este é um dos abrigos aí existentes. Trata-se de uma construção rural, bem representativa da arquitectura vernacular da região, e típica da Serra do Montemouro. Infelizmente é uma espécie em vias de extinção. Toda a arquitectura popular e tradicional do concelho de Cinfães se encontra séria e perigosamente ameaçada. Aquela que era uma grandes riquezas desta região continua a ser vista como sinónimo de "atraso" e "pobreza" e, portanto, a desaparecer todos os dias. Em contrapartida a construção é desenfreada (num concelho constantemente a perder população) e os mamarrachos polulam!... Cultura precisa-se!!!...

(Photo . Cerveira Pinto . all wrights reserved)

terça-feira, julho 12, 2005

Vida Verde

Vai decorrer nos próximos dias 26, 27 e 28 de Agosto, nas Portas do Transval, Boavista dos Pinheiros, Odemira, o "Encontro de Práticas para um Vida Simples, Natural e Sustentável". O encontro é organizado pelas associações Arco-Íris e PédeXumbo, em parceria com a Rede Portuguesa de Ecoaldeias.

Londres, 7 de Julho de 2005

Tardiamente, mas de forma sentida, expressamos aqui a nossa profunda consternação e solidariedade com a população londrina, condenando os actos bárbaros perpetrados no passado dia 7 contra população inocente e indefesa. O relato de um português que viveu estes acontecimentos horrivelmente trágicos é deveras impressionante. Aqui fica como forma de homenagem e de manifestar o nosso vivo repúdio por todas as formas de violência e terrorismo. "Infelizmente, eu estive lá"

HÁ 20 ANOS, FOI ASSIM...
Lamentavelmente o terrorismo não é só anónimo e sem rosto. Há também outras formas, entre as quais aquelas perpetradas pelos próprios estados, como foi
o caso do "Rainbow Warrior", em 10 de Julho de 1985, onde faleceu Fernando Pereira, fotógrafo, jornalista holandês de origem portuguesa e activista do movimento GreenPeace.

segunda-feira, julho 11, 2005

Placa toponímica [Arcádio Blasco]


Uma das placas toponímicas recentemente colocadas em Boassas e realizadas durante o "I Encontro de Ceramistas em Boassas" (2004). Esta é da autoria do grande mestre Arcádio Blasco.

(Photo . Cerveira Pinto . all rights reserved)

quinta-feira, julho 07, 2005

Nova reciprocidade

Detectamos hoje mais um "blog" que remete para o nosso "Boassas". Trata-se do "Portuense" . Agradecemos a amabilidade e decidimos estabelecer também uma reciprocidade adicionando este "blog" às nossas "Ligações Sugeridas".

O exemplo do Padre Himalaya

O Padre Himalaya foi um português visionário, na sua luta por uma melhor relação do homem com o meio ambiente; no aproveitamento das energias renováveis; na naturoterapia; na utilização da ciência para fins pacíficos e para o bem da humanidade; na defesa de um pensamento holístico, etc... Hoje, passados quase cem anos, e graças à sua redescoberta por Jacinto Rodrigues, continua a ser uma inspiração e um exemplo a seguir. Existe, inclusive, um concurso Padre Himalaya.

quarta-feira, julho 06, 2005

Este ano não há festa de Boassas


Triste sinal dos tempos. Este ano não há a tradicional festa de Boassas, em honra de Nossa Senhora da Estrela e que se costuma realizar sempre no final do mês de Agosto. É um facto lamentável e que dá que pensar. A povoação perdeu a maior parte da sua população residente nas três últimas décadas. Os que permanecem são sobretudo os idosos, a quem vai faltando a força e paciência para manter vivas as tradições... Não será também descabido fazer uma analogia entre o que se passa em Boassas (e também um pouco por todas as aldeias do concelho) e por contraste na sede do concelho, cujas festividades atingem um fausto, esplendor e gastos nunca vistos. Contribui-se, assim, alegremente, para um dos principais, senão o principal problema do concelho... o despovoamento das aldeias e o abandono do mundo rural. Embasbacados com o poder, cegos e surdos com o estrelejar dos foguetes, nem se dão conta do certificado de óbito que vão passando a uma crescente parte da população do concelho... Claro que há outros factores, entre os quais há que referir aquele que me parece o mais importante e significativo: o aviltamento e descaracterização que tem sofrido ao longo do tempo a própria festa. Penso que só um esforço em recuperar as tradições mais peculiares, em aumentar a qualidade da animação cultural, em captar também outro género de público poderá levar a um "renascer" da festa de Boassas. A "Nossa Senhora da Estrela" por certo agradecerá...

(Photo by Sónia Constante . All wrights reserved)

UE reconhece urgência em adoptar novas e mais eficazes medidas ambientais

Porém, apesar do reconhecimento da necessidade de adoptar medidas mais eficazes, continua a não haver consenso...porquê?!!!

terça-feira, julho 05, 2005

"Boassas - Uma Aldeia com História". O livro

Vai ser, finalmente, publicado o livro "Boassas - Uma Aldeia com História", do actual director da Associação Por Boassas, Manuel da Cerveira Pinto. Trata-se de um aprofundado estudo monográfico sobre Boassas e também o primeiro a ser executado, e publicado, sobre este milenar povoado.
A edição deverá ter o apoio de várias entidades, entre elas o Jornal Miradouro, onde os escritos foram sendo previamente publicados entre os anos de 1997 e 2005. O grafismo deverá ser do conhecido artista gráfico/plástico Armando Alves. Iremos tentando dar mais informações sobre a publicação sempre que possível. Será também de referir que estão abertas inscrições para a aquisição desta edição bastando, para o efeito, deixar o nome, morada e número de telefone aqui mesmo no blogue; enviando por carta para o Jornal Miradouro (Casa da Azenha, Boassas, 4690 Cinfães) ou ainda contactando os seguintes números de telefone: 22 208 72 96; 22 537 90 54; 255 561 337. Também através do telemóvel n.º 96 817 57 18 ou ainda por fax: 22 208 72 95.

segunda-feira, julho 04, 2005

Rafael Pérez expõe em Boassas (III)


Após alguns dias de "pausa" regressamos para noticiar que o ceramista Rafael Pérez que esteve durante a passada semana em Boassas, hospedado na Casa do Lódão, decidiu prolongar a sua exposição de pintura (patente no Café do Sr. Fernando Gregório) até ao mês de Setembro. O trabalho que ilustra esta notícia é um dos que constitui esta mostra e retrata um aspecto do portão da Casa do Cubo que dá acesso ao caminho de Atrás-dos-Cortelhos, com a magnífica glícinia em flor... Esperemos que os visitantes correspondam e não percam a oportunidade de apreciar estes trabalhos notáveis. Com isto começa-se também a notar a falta de um local próprio para exposições em Boassas.