sexta-feira, março 23, 2007

Desdobrável da nova exposição




Este o aspecto do desdobrável que apresenta a 3.ª e (em princípio) última exposição dedicada ao II Encontro Internacional de Ceramistas em Boassas, que irá inaugurar no próximo dia 4 de Abril, e da exclusiva responsabilidade do Museu Nacional de Cerâmica González Martí. Assim, à Casa da Cultura de Cinfães (Portugal) e ao Centro Municipal de Exposições de Avilés (Espanha), sucede este importante museu de Valência, também em Espanha.

terça-feira, março 20, 2007

"Crónica de uma morte anunciada"


Já está!... Foi abaixo!!!!... Embora já estivéssemos à espera, nem por isso a mágoa é menor por vermos desaparecer mais um dos já raros exemplares de típica arquitectura vernacular de Boassas. Não nos enganamos quando um dia dissémos que esta iria ser "a próxima vítima"... Embora hoje Boassas seja uma aldeia classificada (no PDM e como Aldeia de Portugal), com um turismo crescente (diria mesmo florescente) e que se começa a fazer sentir, com actividades culturais que ultrapassam o próprio país, continua, inexplicavelmente, a ser destruída sistematicamente comprometendo, inclusive, alguma ténue possibilidade de futuro... As actividades de desenvolvimento que têm sido levadas a cabo nos últimos anos pela Associação Por Boassas e que começam a dar alguns frutos, são assim, constantemente, postas em causa e contrariadas por estes autênticos actos de "vandalismo" cultural. Põe-se assim em causa a sobrevivência de todos aqueles que ainda vivem em Boassas, tendo em conta que a própria aldeia e o seu património, conjugados com o turismo, alguma pequena indústria artesanal e alguma actividade agrícola, poderão ser a sua única hipótese de sobrevivência. Esta é a gota de água que faz esgotar a nossa paciência. Segue o pedido de classificação de toda a aldeia e área envolvente ao IPPAR. Talvez assim se consiga, de uma vez por todas, travar esta destruição massiva...

Uma história rocambolesca...

In "Jornal de Notícias" de 9 de Março de 2007

quarta-feira, março 14, 2007

Que Plano Director Municipal?...


Segundo o Plano Director Municipal (em vigor... e com carácter legislativo) Boassas é uma aldeia com "Valor Patrimonial". E, de facto, lá podemos ver na imagem um símbolo, constituído pelas letras VP circunscritas num círculo. Os dois quadradinhos brancos no interior da mancha referem-se às "classificadas" casas do Cubo e do Fundo da Rua. E que diz o "Regulamento" do PDM sobre estas supostas zonas de Valor Patrimonial? Vamos apenas ler dois trechos:
«Artigo 60.º - Caracterização
1 - Designam-se por Zonas com Valor patrimonial as áreas que, embora permitam novas construções, se encontram sujeitas a condicionamentos resultantes do elevado valor arquitectónico do conjunto que configuram, o qual não poderá ser prejudicado.
(...)

Artigo 61.º

1- Nas Zonas com Valor Patrimonial apenas poderão ser licenciadas novas construções ou obras de ampliação que respeitem o actual modelo estético característico da zona.
2 - O licenciamento de obras de remodelação ou reconstrução nestas áreas apenas poderá ser concedido se o projecto oferecer garantias de que as fachadas e coberturas dos respectivos edifícios não agridem ou desvalorizam a envolvente em que se inserem (...)»
Uma pergunta. Para que se gastam milhares em planos que depois não servem para nada (exceptuando o enriquecimento do "anedotário" nacional) a não ser infernizar a vida a um ou outro "papalvo" que ainda tenta fazer as coisas de acordo com as normas e as leis?...
Das dezenas de obras feitas em Boassas desde a entrada em vigor do PDM devem-se contar pelos dedos de uma só mão as que se inserem neste regulamento. No entanto, numa obra minha, foi chamada a atenção para o facto de o aviso "não estar colocado em local suficientemente visível". Podia ser anedota, se não fosse tão dramático...

quinta-feira, março 08, 2007

Nova exposição dia 4 de Abril


A nova exposição do "II Encontro Internacional de Ceramistas em Boassas" irá ter lugar no Museu Nacional de Cerâmica González Martí, em Valência, Espanha. Inaugurará no dia 4 de Abril, data em que haverá também uma palestra com todos os artistas/ceramistas participantes e estará patente até dia 3 de Junho.

segunda-feira, março 05, 2007

"Speaking words of wisdom..."

Carta de um índio ao Presidente dos EUA James Monroe (James Monroe foi o quinto Presidente dos Estados Unidos da América, entre 1817 e 1825)

«O Grande Chefe de Washington mandou fazer-nos saber com palavras de boa vontade que nos quer comprar as terras. Muito agradecemos a sua atenção, pois sabemos demasiado bem a pouca falta que lhe faz a nossa amizade.
Queremos considerar esta oferta porque também sabemos demasiado bem que, se o não fizéssemos, os caras pálidas nos arrebatariam as terras com armas de fogo.
Mas, como podeis comprar ou vender o céu ou o calor da terra? Esta ideia parece-nos estranha. Nem a frescura do ar, nem o brilho das águas nos pertencem. Como poderiam ser comprados? Deveríeis saber que cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. A folha verde, a praia arenosa, a neblina no bosque, o amanhecer entre as árvores, os pardos insectos... são experiências sagradas e memórias do meu povo.
Os mortos do Homem Branco esquecem a sua terra quando começam a viagem através das estrelas. Os nossos mortos, pelo contrário, nunca se afastam da terra, que é a mãe. Somos uma parte dela, e a flor perfumada, o veado, o cavalo e a águia majestosa são nossos irmãos. As encostas escarpadas, os prados húmidos, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencem à mesma família.
A água cristalina que corre pelos rios e ribeiros não é somente água, também representa o sangue dos nossos antepassados. Se vo-la vendêssemos, teríeis que recordar que são sagrados e ensiná-lo aos vossos filhos.
Também os rios são nossos irmãos porque nos libertam da sede, arrastam as nossas canoas, procuram-nos os peixes. E além do mais, cada reflexo fantasmagórico nas claras águas dos lagos relata histórias e memórias da vida das nossas gentes, o murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. Sim, Grande Chefe de Washington, os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede, são portadores das nossas canoas e alimento dos nossos filhos. Se vos vendermos a nossa terra teríeis que recordar e ensinar aos vossos filhos que os rios são nossos irmãos e também seus. É por isso que devemos tratá-los com a mesma doçura com que se trata um irmão.
Claro que sabemos que o homem branco não percebe a nossa maneira de ser. Para ele um pedaço de terra é igual a outro pedaço de terra, pois não a vê como irmã, mas sim como inimiga. Depois de ela ser sua, despreza-a e segue o seu caminho.
Deixa para trás a campa dos seus pais sem se importar. Sequestra a vida dos seus filhos e também não se importa. Não lhe importa a campa dos seus antepassados nem o património dos seus filhos esquecidos. Trata a sua mãe terra e seu irmão firmamento como objectos que se compram, se exploram e se vendem, tal como as ovelhas ou as contas coloridas. O seu apetite devora a terra deixando atrás de si um completo deserto.
Não consigo entender. As vossas cidades ferem os olhos do Homem Pele Vermelha. Talvez seja porque somos selvagens e não o podemos compreender. Não há um único lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desenrolar das folhas ou o rumor das asas de um insecto na Primavera.
Talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo bem as coisas. O barulho da cidade é um insulto para o ouvido. E eu pergunto-me “Que tipo de vida tem o homem que não é capaz de escutar o grito solitário de uma garça ou a discussão nocturna das rãs ao redor de uma jangada?”. Sou um Pele vermelha e não o consigo entender. Nós preferimos o suave sussurro do vento sobre a superfície de um lago e o odor deste mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros.
Quando o último Pele Vermelha tiver desaparecido desta terra; quando a sua sombra não for mais que uma lembrança como a de uma nuvem que passa pela pradaria, mesmo então estes ribeiros e estes bosques estarão povoados pelo espírito do meu povo. Porque nós amamos este país como uma criança ama os batimentos do coração da sua mãe.
Se decidisse aceitar a vossa oferta teria que vos sujeitar a uma condição: que o homem branco os animais desta terra como irmãos. Sou selvagem e não compreendo outra forma de vida.
Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo, abandonados nas pradarias, abatidos a tiro pelo homem branco que dispara de um comboio, que passa. Sou selvagem e não compreendo como uma máquina fumegante pode ser mais importante que o búfalo, o qual apenas matamos para sobreviver.
O que é o homem sem os animais? Se os animais desaparecessem o homem morreria de uma grande solidão. Tudo o que acontece aos animais acontecerá também ao homem brevemente. Todas as coisas estão ligadas.
Devíeis ensinar aos vossos filhos o que nós ensinámos aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem em si mesmos.
Sabemos uma coisa que talvez o Homem Branco descubra algum dia: a Terra não pertence ao Homem, é o Homem que pertence à Terra. Tudo está interligado, como o sangue que une uma família. O Homem não teceu a trama da vida. Ele é apenas um fio. O que faz com essa trama fá-lo a si próprio. Nem sequer o Homem Branco, com quem o seu Deus passeia e fala de amigo para amigo, está isento do destino comum. Depois de tudo, talvez sejamos irmãos. Logo veremos.
(...) Também os brancos se extinguirão, talvez antes das outras tribos. O homem não teceu a rede da vida. É apenas um desses fios e está a tentar a desgraça se ousa destruir essa rede.
Tudo está ligado entre si como o sangue de uma família. Se sujardes o vosso leito, uma noite morrereis sufocados pelos vossos excrementos.
Mas vós caminhareis até à destruição, rodeados de glória e esplendor pela força de Deus, que vos troxe a esta terra e que por algum especial desígnio vos concedeu domínio sobre ela e sobre o Pele Vermelha. Esse desígnio é um mistério para nós, pois não entendemos porque se exterminam os búfalos, se domam os cavalos selvagens, se enchem os recantos secretos de um bosque com o hálito de tantos homens e se cobre a paisagem das exuberantes colinas com fios faladores.
Onde está o bosque denso? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
Assim se acaba a vida e só nos resta a possibilidade de tentar sobreviver.»

Texto extraído da revista «Ecos do ambiente, n.º 3, Fevereiro de 2000 - Revista do Geonúcleo - Núcleo de ambiente da Universidade Fernando Pessoa»

quinta-feira, março 01, 2007

Boas novas...


Recebemos recentemente (início do mês de Fevereiro) um ofício da Direcção-Geral dos Recursos Florestais sobre a possível classificação do maciço arbóreo da designada "Quinta do Paço". Há motivos para estarmos satisfeitos, pois na citada mensagem, a determinada altura, pode ler-se o seguinte:
"(...) o arvoredo está envolvido por uma certa beleza botânica e de importância ÍMPAR ao nível da paisagem e da biodiversidade dos diferentes ecossitemas onde está inserido (naturais e artificiais)... (...) aguarda-se por uma visita na Primavera para avaliar a presença de mais espécies de difícil identificação pela falta de folhas... (...)"
Aguardemos, pois, pela Primavera para averiguar que surpresas mais nos reserva ainda a fantástica "Quinta do Paço da Serrana". A classificação está em curso.
(O sublinhado é de nossa autoria)