A Sr.ª Emília "Marranaca" e a Sr.ª Adelaide "Velhinha". Últimas representantes de uma actividade extinta e que foi outrora próspera e concorrida neste povoado milenar.
«(...) Sobre a cabeça protegida por um lenço a “rodilha” apoia a “canastra” que balouça graciosamente, num equilíbrio periclitante, fruto de muitos anos de prática. Na boca havia sempre uma frase dita alto e bom som, um pregão com que se dava a conhecer a sua presença e se chamava o comprador. Onde chegava a sardinheira instalava-se célere o movimento e a algazarra. À cinta um colorido avental, nos pés uns socos já gastos, puídos pelo lajedo áspero das calçadas, isto quando não se encontram nus e descalços. De postura firme e esbelta, a sua silhueta inconfundível era esperada com ansiedade pelas gentes da serra, que viam nela não só alguém que lhes levava um bem precioso, como também as notícias de outros lugares, novidades sobre pessoas conhecidas e amigas que viviam noutras paragens.(...)»
Excerto de "Sardinheiras de Boassas", do livro, Boassas, Uma Aldeia Com História, de Manuel da Cerveira Pinto.
3 comentários:
Parabens por este belo blogue que descobri via Campo Aberto. Já fiz o link ao Ondas :) Octávio Lima (ondas2.blogs.sapo.pt)
Caro Octávio, obrigado pelas suas generosas palavras. Por acaso ainda ontem tínhamos estado a ver o "Ondas"... Já retribuímos o "link". Até breve.
Foi a enterrar ontem, 15 de abril, Benvinda Lucas ou Benvinda Prata, com 100 anos de idade, uma das Sardinheiras de Boassas de que falis neste post. Vivia na Arribada, ia até Vila Vicosa, Gralheira, e muitas das terras do Montemuro. Era minha avó materna.
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