segunda-feira, novembro 21, 2011

Anedotário... cinfanense!


















No n.º 2 da revista MAGazine, publicada no passado verão, era feita uma elogiosa menção a Boassas. Assim, na página 51 da dita publicação, podia ler-se o seguinte:

"A aldeia típica de Boassas, onde viveu Serpa Pinto. Esta aldeia é uma "varanda sobre o Douro" e foi considerada a segunda aldeia mais portuguesa. Fica localizada na freguesia de Oliveira do Douro e os principais locais de interesse turístico são a "Casa Armoriada Setecentista", que pertenceu à família dos Serpas, a "Casa do Cubo" e a "Quinta do Revogado".

Tanto disparate num texto tão pequeno!!!!... Vejamos:

1. Serpa Pinto viveu em Boassas?... De onde foi tirada esta informação? Nunca li em lado nenhum que tal tivesse sucedido. Quem vivia em Boassas eram, isso sim, os seus avós maternos!
2. Boassas nunca foi "considerada a segunda aldeia mais portuguesa" (seja lá o que isso for). Participou, isso sim, no concurso da "Aldeia mais portuguesa de Portugal" em 1938, no qual não logrou sequer ir à final.
3. Não há em Boassas nenhuma "Casa Armoriada Setecentista", de seu nome!... Há a "Casa do Fundo da Rua", que penso que é à qual se querem referir e que foi a mesma onde viveram os avós maternos de Serpa Pinto.
4. Não há em Boassas nenhuma "Quinta do Revogado"!!!... Penso que o autor (o texto vem assinado como "município de Cinfães") quererá referir-se à "Quinta do Revogato", que foi da família Pinto Abreu e que fica localizada a cerca de 2 km de Boassas, em Oliveira do Douro.

É incrível no que se desperdiça o erário público!... Porque se inventa tanto disparate?... Qual o interesse em publicar tanta asneira?... Há livros! Há publicações! Há estudiosos!... Há inclusive uma monografia sobre Boassas que a câmara possui! Porque é que alguém acha que inventar estas coisas é positivo?
No entanto, aspectos que, de facto, seriam interessantes e importantes divulgar sobre a aldeia são omitidos.
Não é mencionado que a aldeia é a única classificada com uma figura turística (Aldeia de Portugal) em todo o concelho de Cinfães!
Não é mencionado que é o único lugar do concelho onde existe uma árvore classificada como de interesse público!
Não são mencionadas as outras casas nobres como a "Casa das Portelas", a "Casa do Cerrado" (1694), a "Casa da Calçada" ou a "Casa do Outeiro" (também setecentista - 1733)
Não é mencionado o alojamento turístico que aí existe: a "Casa do Lódão".
Enfim... seguramente que se a ignorância pagasse imposto, não havia crise!

2 comentários:

CampelodeSousa disse...

NÃO VALE A PENA BATER MAIS NOS CEGUINHOS !!!
Eu já desisti!!!
Fui recentemente a Cinfães, passei por Montemuro, Galheira etc, e mais uma vez regressei desencantado com a continuada destruição das paisagens maravilhosas que tinham a nossa terra.
Recordo, que o Senhor com toda a razão em tempos escreveu neste blog, que não demoraria muito tempo, em que Cinfães iria ter mais ventoinhas do que moradores !!!
Caminhamos a passos largos para essa triste profecia e realidade.
Somos muito poucos a alertar e a tentar preservar aquilo que tantos outros apenas querem destruir a troco do dinheiro facil!
É uma vergonha, é um autentico atentado contra os nossos antepassados e contra as futuras gerações.
Estamos entregues a uma cambada de incompetentes, oportunistas e sem carácter !!!
Cumpriemntos,
Campelo de Sousa.

Associação Por Boassas disse...

Caro Campelo de Sousa
Não imagina como entendo a sua indignação e desalento. Há anos, para não dizer décadas, que ando a alertar para este tipo de situação. Este tipo de "pseudo-desenvolvimento, fomentado pelos grandes grupos económicos e suportado pelas autarquias apenas tem levado ao desastre que é a situação do interior do país e em última análise a toda a situação actual. Embora sejamos poucos, como muito bem afirma, não há que esmorecer, nem baixar os braços, pois o que está a suceder apenas nos vem dar razão e provar que as nossas acepções estão correctas e que são o futuro. Não desista, as opiniões de pessoas como o senhor são importantes para operar a mudança que se impõe, agora que este ciclo está a chegar ao fim. É nas nossas próprias riquezas, nas nossas pessoas, na nossa cultura que está a possibilidade de futuro e por isso é importante não desistir. Obrigado pela sua participação. Volte sempre. Um abraço