terça-feira, agosto 30, 2011

Segredo


Borboletas que vivem e que morrem
Borboletas que voam pelos campos
Borboletas mortas de cores vivas
Num sonho purpúreo enternecido.
São tantas essas borboletas belas
Em voo disforme
E sem compasso!
São a luz e são a morte,
Porque talvez ocultem
O segredo de um túmulo longínquo!
Se elas sentissem, como eu,
O cheiro extenuante desta vida
em bruxuleantes chamas renitentes,
Banhar-se-iam no leite dos lírios brancos
em que o vibrante Sol,
todos os dias,
Se acaricia antes de surgir!

M. Cerveira Pinto
Boassas, Maio de 1958 (in "No dealbar da imensidão", pág. 14)

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