sexta-feira, dezembro 23, 2011

O sino da minha aldeia

O sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.


E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida

           
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

               
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

                                          
Fernando Pessoa

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