Já o havia homenageado no livro "Boassas. Uma Aldeia Com História"... Volto a fazê-lo, agora pelo infeliz motivo do seu desaparecimento. Era, salvo erro, a pessoa mais idosa da aldeia. Aqui fica o pequeno texto que lhe dediquei no mencionado livro...
«O Sr. Manuel Tavares constitui um caso raro e “sui generis”, na povoação de Boassas. Que se saiba é o único representante desta nobre actividade, pois ao invés do que sucede com a arte de trabalhar a pedra, não consta que tenha havido em Boassas uma grande tradição de carpintaria ou marcenaria.
Para quem tiver oportunidade de apreciar alguma das suas obras ou de o ver trabalhar a madeira, rapidamente se aperceberá estar em presença de um verdadeiro mestre, que alia um profundo saber, experiência e conhecimento empírico a uma grande imaginação e criatividade e que pode, por isso, ser considerado um autêntico artista. De facto o Sr. Manuel Tavares, quando jovem, chegou a ser convidado pelo professor catedrático e comendador Dr. Amílcar Tucídides, aquando de uma das suas visitas à “Casa do Cerrado” [1] para se inscrever no curso de escultura das Belas Artes do Porto. Repto este que foi recusado e é hoje lembrado e contado pelo Sr. Manuel Tavares, não sem uma ponta de mágoa e indisfarçável tristeza, que perpassa pelos seus olhos cansados.
Os tempos eram outros, a família necessitava do seu amparo e a cidade imensa, parecia muito longe, estranha e hostil. Hoje, já com mais de oitenta anos, o Sr. Manuel Tavares já raramente trabalha a madeira. Mantém ainda, contudo, uma pequena oficina junto à casa onde vive, na Calçada, em Boassas, onde toda a parafrenália de instrumentos se encontra disposta e guardada e que utiliza sobretudo para fazer os pequenos consertos de casa com que vai matando o vício e a saudade da arte.
Uma das suas obras mais significativas e importantes, da qual nos fala com indisfarçável sentimento de orgulho é, sem dúvida, o já referido retábulo e altar de talha, executado para a capela de Sto. António, da Casa da Calçada, em Oliveira do Douro. De facto, quase todas as grandes casas da região têm obra sua, sejam pequenas peças de mobiliário como as arcas, mesas e sanefas que concebeu para a Casa do Outeiro, ou o restauro tectos soalhos ou móveis como os que fez na Casa do Fundo da Rua. [2]»
«O Sr. Manuel Tavares constitui um caso raro e “sui generis”, na povoação de Boassas. Que se saiba é o único representante desta nobre actividade, pois ao invés do que sucede com a arte de trabalhar a pedra, não consta que tenha havido em Boassas uma grande tradição de carpintaria ou marcenaria.
Para quem tiver oportunidade de apreciar alguma das suas obras ou de o ver trabalhar a madeira, rapidamente se aperceberá estar em presença de um verdadeiro mestre, que alia um profundo saber, experiência e conhecimento empírico a uma grande imaginação e criatividade e que pode, por isso, ser considerado um autêntico artista. De facto o Sr. Manuel Tavares, quando jovem, chegou a ser convidado pelo professor catedrático e comendador Dr. Amílcar Tucídides, aquando de uma das suas visitas à “Casa do Cerrado” [1] para se inscrever no curso de escultura das Belas Artes do Porto. Repto este que foi recusado e é hoje lembrado e contado pelo Sr. Manuel Tavares, não sem uma ponta de mágoa e indisfarçável tristeza, que perpassa pelos seus olhos cansados.
Os tempos eram outros, a família necessitava do seu amparo e a cidade imensa, parecia muito longe, estranha e hostil. Hoje, já com mais de oitenta anos, o Sr. Manuel Tavares já raramente trabalha a madeira. Mantém ainda, contudo, uma pequena oficina junto à casa onde vive, na Calçada, em Boassas, onde toda a parafrenália de instrumentos se encontra disposta e guardada e que utiliza sobretudo para fazer os pequenos consertos de casa com que vai matando o vício e a saudade da arte.
Uma das suas obras mais significativas e importantes, da qual nos fala com indisfarçável sentimento de orgulho é, sem dúvida, o já referido retábulo e altar de talha, executado para a capela de Sto. António, da Casa da Calçada, em Oliveira do Douro. De facto, quase todas as grandes casas da região têm obra sua, sejam pequenas peças de mobiliário como as arcas, mesas e sanefas que concebeu para a Casa do Outeiro, ou o restauro tectos soalhos ou móveis como os que fez na Casa do Fundo da Rua. [2]»