sexta-feira, março 27, 2009

O Sr. Manuel Tavares, mestre carpinteiro de Boassas


Já o havia homenageado no livro "Boassas. Uma Aldeia Com História"... Volto a fazê-lo, agora pelo infeliz motivo do seu desaparecimento. Era, salvo erro, a pessoa mais idosa da aldeia. Aqui fica o pequeno texto que lhe dediquei no mencionado livro...

«O Sr. Manuel Tavares constitui um caso raro e “
sui generis”, na povoação de Boassas. Que se saiba é o único representante desta nobre actividade, pois ao invés do que sucede com a arte de trabalhar a pedra, não consta que tenha havido em Boassas uma grande tradição de carpintaria ou marcenaria.
Para quem tiver oportunidade de apreciar alguma das suas obras ou de o ver trabalhar a madeira, rapidamente se aperceberá estar em presença de um verdadeiro mestre, que alia um profundo saber, experiência e conhecimento empírico a uma grande imaginação e criatividade e que pode, por isso, ser considerado um autêntico artista. De facto o Sr. Manuel Tavares, quando jovem, chegou a ser convidado pelo professor catedrático e comendador Dr. Amílcar Tucídides, aquando de uma das suas visitas à “Casa do Cerrado” [1] para se inscrever no curso de escultura das Belas Artes do Porto. Repto este que foi recusado e é hoje lembrado e contado pelo Sr. Manuel Tavares, não sem uma ponta de mágoa e indisfarçável tristeza, que perpassa pelos seus olhos cansados.
Os tempos eram outros, a família necessitava do seu amparo e a cidade imensa, parecia muito longe, estranha e hostil. Hoje, já com mais de oitenta anos, o Sr. Manuel Tavares já raramente trabalha a madeira. Mantém ainda, contudo, uma pequena oficina junto à casa onde vive, na Calçada, em Boassas, onde toda a parafrenália de instrumentos se encontra disposta e guardada e que utiliza sobretudo para fazer os pequenos consertos de casa com que vai matando o vício e a saudade da arte.
Uma das suas obras mais significativas e importantes, da qual nos fala com indisfarçável sentimento de orgulho é, sem dúvida, o já referido retábulo e altar de talha, executado para a capela de Sto. António, da Casa da Calçada, em Oliveira do Douro. De facto, quase todas as grandes casas da região têm obra sua, sejam pequenas peças de mobiliário como as arcas, mesas e sanefas que concebeu para a Casa do Outeiro, ou o restauro tectos soalhos ou móveis como os que fez na Casa do Fundo da Rua. [2]»


[1] Ver capítulo III Património - Casas nobres. IV. A casa do Cerrado

[2] Ver capítulo III. Património - Casas nobres. II. A casa do Fundo da Rua e III. A casa do Outeiro

sábado, março 14, 2009

Blog "Boassas" impulsiona turismo

Já o suspeitávamos, mas tivémos agora a prova de que o blog Boassas (que já ultrapassou a 35.000 páginas visitadas!!!!...) é um impulsionador do turismo na aldeia, já que no blog "O Diário do Alarife" foi registado o seguinte comentário, a propósito de um artigo sobre a casa Fernando Ventura:
«Motivado por algumas das postagens do blogue “Boassas”, visitei a aldeia em 2008. Bem no centro da povoação, com um excelente enquadramento, deparei com aquela que agora sei chamar-se a “Casa Fernando Ventura”.
Estava longe de imaginar que o que se vê é fruto de uma remodelação recente. O recurso a elementos característicos da arquitectura tradicional local, foi feita com uma qualidade tal que fui induzido em erro. Afinal a “Casa Fernando Ventura” não esteve sempre lá, como eu na altura então julguei!»

O autor do comentário é Rafael Carvalho, professor, que vive em Armamar e que assina o notável blog: "Arquitectura D'ouro".
O edifício em questão já
aqui havia sido publicado

sexta-feira, março 13, 2009

Catálogo do II encontro chega a Lisboa

O catálogo do "II Encontro Internacional de Ceramistas em Boassas" (2006) foi recentemente recenseado pela Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa. Depois de Espanha e de Coimbra, agora foi a vez de Lisboa. A cultura dá sempre os seus frutos, mesmo que passado muito tempo... (Provavelmente a biblioteca de Cinfães, ou das escolas do concelho, não o têm!!!...). Para aceder à página da internet onde aparece a dita recensão "cllicar" aqui.

terça-feira, março 03, 2009

Crime e castigo

Noticia o JN que está marcado para o dia 20 de Abril, no Tribunal da Maia, o julgamento de um homem que, em 2007, terá arrombado um galinheiro e furtado duas galinhas no valor de 50 euros.

A Justiça tarda, mas chega.

O criminoso andou mal e merece justa punição, quer pela mediocridade de fins quer pela ruralidade de meios.

Gente como ele, que pilha galinhas em vez de fundar um banco e pilhar as contas dos depositantes, ou como aquela septuagenária que não pagou uma pasta de dentes num supermercado em vez de pedir uns milhões à Caixa, comprar o supermercado na bolsa e igualmente não o pagar, vendendo-o depois à Caixa através de um "offshore" pelo dobro do preço (ou vendendo-lho mesmo antes de o ter comprado), não tem lugar no Portugal moderno e empreendedor. Ainda por cima, deixou-se apanhar.

Se calhar, até confessou, em vez de invocar lapsos de memória.

E aposto que nem se lembrou de se divorciar antes de ser preso, pondo os 50 euros a salvo na partilha de bens.

Não queria estar na pele do seu advogado, não há Código de Processo Penal que valha a um caso destes.

É condenação mais que certa.

Manuel António Pina
(In Jornal de Notícias de 3 de Março de 2009)