"A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) apresentou a estratégia para o desenvolvimento do turismo. Até 2013, serão investidos cem milhões de euros numa região com taxas de crescimento turístico acima da média nacional."
"A CCDR-N apresentou ontem a estratégia de programação e acção para o desenvolvimento turístico do Norte. De acordo com dados da Comissão, o turismo nortenho registou uma dinâmica positiva nos últimos anos, com taxas de crescimento acima da média nacional. Portugal é o 19º destino turístico do mundo, encontrando-se em oitavo lugar a nível europeu. No entanto, 75 por cento da actividade turística nacional centra-se em Lisboa, Algarve e Madeira.
A comissão apurou quais os principais recursos turísticos do Norte – no Porto, Minho, Douro e Trás-os-Montes – e definiu as linhas gerais de orientação no sector. “Muita gente não conhece o Norte”, argumenta o presidente da CCDR-N, Carlos Lage. “E este é um momento-chave, uma oportunidade que não podemos perder. É certo que falta o TGV e a linha do Douro, mas o turismo vai ajudar a reabilitar a economia nortenha.”
Carlos Lage sustenta que “o Governo tem actuado, mas há tendência para apoiar regiões já estabelecidas. Não podemos rivalizar com o Algarve, a Madeira ou Lisboa, que já se afirmou e está internacionalizada. Há uma concentração nestes três destinos e uma tendência para apostar nestas marcas consagradas”. No entanto, o presidente defende que “o envelope [de 100 milhões] permitirá dar nervo à política que delineámos. É para seis anos e não é para dispersar; será concentrado em produtos definidos e altamente selectivos”.
Embora o momento seja favorável para o desenvolvimento turístico no Norte, existem várias fragilidades, como a “dificuldade de articulação e coordenação entre os vários agentes”, ou “a incapacidade de fixar visitantes”. Outro ponto negativo é a má sinalização turística. A oferta regional centra-se ainda num alojamento de categoria inferior, apesar do Norte ser a região com maior número de pensões a nível nacional. Entre as características positivas, conta-se a diversificação da oferta turística ou o vasto património histórico-cultural e arqueológico.
Investimento no Douro
“O turismo vive um momento difícil”, considera Carlos Lage. “Mas é uma área que pode proporcionar criação de riqueza e emprego. O sector, em Portugal, cresceu significativamente. Mas ainda temos um turismo modesto e é um sector que pode dar um salto nos próximos anos”. Este desenvolvimento passa, entre outros factores, pela implementação de sistemas de qualidade nos estabelecimentos de hotelaria e restauração, com o objectivo de melhorar os serviços. A estratégia abrange também planos de acção no âmbito regional.
Em breve, a Comissão vai estudar as condições de atribuição dos cem milhões de euros, nomeadamente a nível de candidaturas. No início de 2008, divulgará as condições de acesso à verba.
De acordo com o presidente da CCDR-N, “uma fatia significativa destinar-se-á ao Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale de Douro. A região é um fenómeno, e é criminoso não ter sido aproveitado como devia. É onde é mais urgente actuar”, argumenta. Paulo Gomes, vice-presidente da CCDR-N, acrescenta que “o Douro é hoje uma prioridade”.
Os objectivos são ambiciosos mas concretizáveis, nas palavras de Carlos Lage: “Quase me interrogo se estamos a ser pioneiros ou temerários, mas julgo que estamos a ser pioneiros.” De acordo com o presidente, “a nível de políticas de turismo, a confusão no Norte só terminará com a constituição de uma comissão regional de turismo. Somos a favor da definição de uma região turística para o Norte. O objectivo não é eliminar instituições que promovem o turismo em locais mais circunscritos, mas é tempo da CCDR-N começar a definir políticas regionais dignas desse nome. O diagnóstico e o seu carácter mostram que estamos maduros para defender uma política regional nesta área”.
O processo será lançado no contexto da Agenda Regional de Turismo, através da criação de um Comité de Pilotagem e de uma Comissão de Acompanhamento do Turismo do Norte de Portugal. A CCDR-N já debateu o documento com o recém-criado Comité."
David Furtado in "O Primeiro de Janeiro de 16-10-2007"